Projeto de Consolidação Estrutural, Restauro e Proteção de Elementos Arquitetônicos na Quinta e Palácio de Valflores
A LEB teve o privilégio de participar do projeto de reabilitação e conservação da Quinta e Palácio de Valflores, em Santa Iria da Azóia, em colaboração com a Câmara Municipal de Loures e o gabinete do arquiteto Pedro Pacheco. Este projeto, datado de 2016, consistiu na elaboração de um plano de execução voltado para a consolidação estrutural, restauro e proteção de elementos arquitetônicos deste importante patrimônio histórico, garantindo sua preservação e valorização como um bem cultural para as futuras gerações.
O Palácio de Valflores é um edifício renascentista do século XVI, conhecido por sua arquitetura de influência italiana. Em 2006, ele foi adquirido pela Câmara Municipal de Loures, que assumiu o compromisso de preservar e reabilitar este imóvel de elevado interesse público. A intervenção foi organizada em três fases principais: consolidação estrutural do palácio e aqueduto, execução das coberturas, e restauro e proteção dos elementos arquitetônicos.
O projeto envolveu a consolidação de vários elementos estruturais, incluindo as paredes de alvenaria, as abóbadas, os telhados e anexos ao palácio, bem como a reabilitação do aqueduto e muros de contenção da quinta. Adicionalmente, foram realizados trabalhos de reabilitação do sistema de drenagem, vital para garantir a estabilidade dos muros, socalcos e fundações do palácio.
A intervenção respeitou os princípios estabelecidos pelo ICOMOS, buscando um equilíbrio entre a preservação do valor histórico e a necessidade de garantir a segurança estrutural. Foram seguidas metodologias que garantem a mínima intervenção e máxima reversibilidade, assegurando que futuras gerações possam também realizar ações de conservação e restauro.
Um dos principais desafios deste projeto foi lidar com a complexidade do terreno e com as condições de degradação das estruturas, que apresentavam um estado avançado de deterioração devido à exposição a fatores climáticos e à falta de manutenção adequada ao longo dos anos. O terreno da quinta é caracterizado por um declive considerável e por solos predominantemente argilosos, que exigem cuidado especial para garantir a estabilidade das fundações e dos muros de contenção.
Além disso, o palácio, com suas abóbadas, paredes de alvenaria e telhados em ruínas, apresentava diferentes tipos de degradação. Em particular, as estruturas de madeira das coberturas estavam parcialmente colapsadas e as abóbadas, construídas em alvenaria de tijolo maciço, necessitavam de reparos urgentes para evitar o colapso iminente. A degradação das argamassas, tanto de assentamento quanto de revestimento, e a perda de material cerâmico também representaram desafios significativos para a intervenção.
Durante a fase de diagnóstico, foram realizados diversos ensaios para caracterizar as condições das estruturas e definir as metodologias de reabilitação:
Levantamento por Varrimento Laser 3D: Foi realizado um levantamento tridimensional do palácio e do aqueduto, a fim de obter uma modelagem precisa das estruturas e identificar eventuais deformações e anomalias.
Ensaios de Caracterização dos Materiais: Realizaram-se ensaios para determinar a composição e estado das argamassas, dos tirantes metálicos e dos elementos cerâmicos, visando identificar a melhor forma de intervenção para cada tipo de material.
Inspeção Visual e Levantamento Fotográfico: Estas etapas permitiram registrar detalhadamente o estado dos elementos arquitetônicos e estruturais, além de identificar as anomalias e planejar as intervenções.
Com base nas inspeções e ensaios realizados, foram elaboradas soluções específicas para garantir a reabilitação estrutural do Palácio de Valflores, respeitando sua autenticidade histórica:
Consolidação das Estruturas de Alvenaria: Foram aplicadas técnicas de injeção de caldas em paredes de alvenaria para garantir a coesão dos elementos e a resistência necessária às ações verticais e horizontais.
Reparos nas Abóbadas: As abóbadas foram consolidadas por meio de reforço das nervuras e reconstrução dos segmentos colapsados, utilizando materiais compatíveis com os originais.
Reabilitação das Coberturas: As coberturas foram reconstruídas utilizando estruturas de madeira de castanho, garantindo a compatibilidade com a tipologia original do palácio.
Melhoria do Sistema de Drenagem: O sistema de drenagem original foi reabilitado para assegurar a adequada evacuação de águas pluviais e evitar infiltrações que poderiam comprometer a estabilidade das estruturas.
A reabilitação do Palácio de Valflores tem um impacto significativo na preservação de um dos mais importantes patrimônios arquitetônicos da região de Loures. O projeto não só garante a preservação de uma construção histórica de grande valor cultural, como também possibilita sua valorização como espaço de usufruto público, permitindo que as futuras gerações possam conhecer e valorizar essa joia da arquitetura renascentista portuguesa.
Com esta intervenção, a LEB reafirma seu compromisso com a excelência em engenharia de reabilitação e com a preservação do patrimônio histórico, empregando soluções de engenharia que respeitam as técnicas tradicionais e garantem a segurança e longevidade das estruturas.